Ontem, entorpecida no sofá, dei comigo a ver o Storytellers no Vh1, desta vez dedicado aos Foo Fighters, apanhando o programa já quase no fim. Passado menos de cinco minutos, não sabia ao certo o que sentir.
Segundo o que Dave Grohl disse, a música "
Word Foward" foi feita a pensar num amigo de infância seu que morrera há pouco tempo. Ele vivera imensos momentos inesquecíveis junto a ele: descobriu a música rock, drogas e a encerrar partes da sua vida. Acrescentou que, nessa altura, pôs-se a pensar que aquele era o fim daquela parte da sua vida e que só havia um caminho, aquele que tinha de seguir, devido ao facto de não haver mais nenhum.
Isto deu início a uma grande corrente de pensamentos vinda da minha parte.
Durante imenso tempo (fez ontem três meses), lutei para me esquecer de acontecimentos e de pessoas que mudaram a minha vida pela negativa. E só piorou. Passei a acordar e a deitar-me todos os dias a chorar, escrevi cartas para ninguém em concreto a expressar a minha raiva por todas essas coisas que me transformaram numa pessoa em que não me queria transformar. Batia com os punhos cerrados na parede na esperança que a dor física apagasse a batalha que se dava na minha cabeça, gastei pequenas fortunas em roupa na esperança que me dessem um pouco que fosse de felicidade para apenas me sentir ainda pior comigo mesma.
Ontem apercebi-me de que não vale a pena esforçar-me tanto para esquecer coisas que simplesmente não podem ser apagadas. Eu pura e simplesmente vou ter de aprender a encerrá-las e a seguir em frente independentemente delas. Eu não tenho de esquecer ninguém nem todas as palavras que disse ou que me disseram: eu apenas tenho de seguir em frente e, se arrastar os meus erros, os meus medos e as minhas incertezas comigo for a única forma, então é o que farei.
Não posso estagnar por ter perdido (se é que alguma vez tive) significado para outras pessoas. Um dia, as pessoas mais perto de mim vão morrer (o que, de facto, já aconteceu). Os meus amigos vão seguir trajectos diferentes do meu, e posso não voltar a vê-los. As pessoas que considero família por tantos motivos podem desaparecer de um dia para o outro. E isso é pior do que perder um namorado. No entanto, eu vou continuar a levantar-me cama todos os dias, vou continuar a comer e a lavar dos dentes de manhã. Vou continuar a perguntar-me todos os dias se estou com vontade para me maquilhar ou o que vou vestir. A minha vida continua independentemente do que acontecer a quem me rodeia ou às escolhas das mesmas.
Apesar de muitas vezes querer desistir da vida, a verdade é que estou aqui. Estou viva e isso tem de significar alguma coisa. Significa que, enquanto estiver de pé e que enquanto o meu coração continuar a bater, vai haver sempre algo que possa fazer.