quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Passado

Há sempre algo no nosso passado que nos marca bastante e que faz, de certa forma, parte de quem somos. Aliás, o passado é, de forma bastante geral, o que somos. Foi com os nossos primeiros passos e quedas que aprendemos a andar como fazemos todos os dias, foi a magoar-nos que descobrimos que chorar alivia as feridas (ou que ainda as abre mais).
A moral da história é: o passado é importante, porque é ele que nos torna em que somos hoje.
Tenho pensado bastante no meu passado. Li conversas antigas em que falei de formas bastante infantis, vi fotos minhas do tempo da escola primária, ouvi músicas das quais que já nem me lembrava existirem. São coisas que, apesar de estarem estão longe, estarão sempre presentes de alguma forma em mim.
De todas as coisas pertencentes ao passado, acho que a mais significante foi a leitura. Aprendi tanto! Pode parecer ridículo, mas foi a ler que aprendi a ter sentimentos. Até bastante tarde, fechei-me para o mundo, numa pequena cápsula invisível e pouco maleável, só para não sentir, para não me ir abaixo. Isto devido ao divórcio dos meus pais: eu não queria ser como eles, não queria amar as pessoas, não queria sentir nada em relação a nada, ser simplesmente um corpo animado era mais do que bastante para mim.
Ler histórias de amor fez-me perceber que há um mundo lá fora. Um mundo em que as pessoas dão delas o que têm e o que não têm para que as coisas resultem. Um mundo onde as pessoas, de facto, sentiam. Foi a ler a Saga Crepúsculo que tive uma ideia do que é possível fazer por amor, foi a ler Into the Wild que descobri que ter dinheiro e roupas bonitas não significava nada se não soubermos ser mais do que os outros querem que sejamos, foi a ler O monte dos Vendavais que cheguei à conclusão que o ódio acaba connosco e que nunca vamos poder combater contra ele e que, portanto, mais vale não o ter nas nossas vidas.
Com as paixões assolapadas e platónicas aprendi que perseguir coisas pequenas não vale a pena. Com paixões maiores... bem, apercebi-me que talvez valham mais a pena do que as anteriores, aprendi a chorar tudo cá para fora, a trancar-me no quarto durante algum tempo e, depois, sair de cabeça erguida; tudo dói, mas a dor acaba. Nem que demore horas, dias, meses, anos a passar, passa sempre. Com o amor, é apenas da minha conta. Com todos eles, aprendi que entregar-me completamente às pessoas pode ser a pior coisa a fazer mas que, ainda assim, não o vou deixar de fazer. Nunca. Tenho esperança que as pessoas sejam mais do que mostram e que, um dia, compense.
O passado também me mostrou que os amigos são valiosos. Eles levantam-nos do chão e fazem com que as lágrimas acabem mais rápido do que se não estivessem lá. Eles dão-nos memórias boas, suficientes para nos fazerem sorrir cada vez que nos lembramos delas, como comer Cheetos nas escadas do prédio, andar durante horas de saltos altos e gritar de dores ou até como ficar algumas horas numa fila para recebermos um autógrafo dos D'zrt (que tristeza!).
Ser exactamente como sou, uma eterna e incurável romântica, pegada aos amigos e à pouca família que posso chamar família, entre outros, é causa do meu passado. Não querendo parecer convencida, estou orgulhosa dele e da pessoa que me tornei devido ao mesmo.

4 comentários:

  1. A única coisa a que consigo comentar neste texto é ao assunto do divórcio dos teus pais, pois aí estou na mesma página que tu. E o passado é importante, mas se nos agarramos demasiado a ele não viveremos de forma saudável. Foi isso que quis dizer em "Olhar para trás nunca dá certo" no meu...

    Outro assunto que me marca o passado foi quando o meu pai foi internado. O tormento que foi esperar que ele saísse de lá, a falta que ele fazia, apesar do carácter dele... É esse o acontecimento que me faz desvalorizar tudo o que acontece de negativo: más notas nos testes, perda de amigos, etc. Porque há uma coisa, e apenas uma, que não podes perder por mais que tentes: Família.

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  2. Muito bom :3 É deste tipo que textos que tenho saudades, algo sentimental e nada de negativo como certos e determinados que tenhas feitos antes. Ah e já agora, podias continuar a escrever as histórias, sabes, ler de graça é sempre bom. Só para dizer...
    Não sei se posso dizer que aprendi algo com a leitura. Nem português correcto aprendi a escrever! A única coisa que, talvez, posso dizer que a leitura me tenha feito é arranjar-me um mundo de fantasia em que tudo é perfeito e blabla. Talvez tenha tido o efeito contrário? Not good. Ok, agora a sério, é sempre bom de qualquer maneira, fez-me querer ter esse tipo de sentimentos (que as personagens têm nos livros claro) e cada vez que leio, quero poder senti-los ainda mais *lame*
    O passado é realmente uma coisa interessante. Podemos concluir isso depois de lermos as nossas estúpidas conversas que não foram assim há tanto tempo e vermos como éramos bonitas (ou feias, meados do 8º ano) e como somos agora, o quanto mudámos.
    Para finalizar gostaria de referir : " como comer Cheetos nas escadas do prédio " - isto sugere todas as vezes que íamos comer cheetos para o meu prédio? Ou outra experiência?

    Anyway, muito bom textos e quero ver mais assim e não dos outros claro~

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  3. Comer Cheetos nas escadas sugere mesmo isso, Anna :)

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